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Já cá não está Frei Viterbo para nos contar como um esquecimento pode ser muito bem lembrado. O Elucidário de 1798, obra de apoio à leitura das frases e palavras do Portugal antigo, já era uma encomenda justificada pela ignorância. O cronista foi atacado por erros mas não pela falta de memória. E ao d-de-dinheiro lá inscreveu, com floreados de permeio, as quatro onças de ouro prometidas pelo fundador à Santa Sé como tributo pela protecção ao território do rei baptizado em Guimarães.

A ajuda externa vem do berço da Nação. E assim também a dívida por via do tal "esquecimento bem lembrado" pelos sucessivos Papas aos que vieram depois de D. Afonso Henriques. O Conquistador em breve esqueceu-se de pagar — os historiadores que ponham as aspas — ao Arcebispo de Braga quando a nação caminhava pelos 36 anos.

A história é velha, é sempre velha a história.

Seja dos erros do cronista, do incumprimento de nascença ou do protectorado fundador da Pátria, disso nada se esquece um dos últimos académicos históricos do século passado. Adriano Moreira lembra que "Portugal saiu sempre falido dos seus impérios". Foi Alcácer-Quibir, depois o Brasil, a seguir o que finalmente se esfumou de vez no século em que o leitor ainda nasceu. Oito bancarrotas depois, segurado e dependente da aliança de Windsor, Portugal encontrou na Europa uma tábua que, com o FMI, foi usada para várias salvações financeiras em democracia.

O que o passado nos ensina é que está cá bem no presente.

Há ironias que nos soam levemente familiares. Portugal acabou de pagar em 2001 — em pleno euro e com Guilherme de Oliveira Martins (GOM) como ministro das Finanças — a última prestação do empréstimo de 1902, ligado ao 'default' de 1892. Os historiadores contam que o tio-bisavô de GOM, propôs um acordo com os bancos em troca de austeridade, logo no estoirar da crise. Foi travado pelo chefe de Governo, Dias Ferreira, bisavô de outra ex-ministra, Manuela Ferreira Leite.

E quem traz estes nomes de novo ao debate em 2014? É o homem que Adriano Moreira respeita como académico pelos parágrafos de incapacidade na hora da saída. Gaspar é um homem do tempo que sucede ao novo-riquismo. Estamos no esplendor do "neoliberalismo repressivo", diz o presidente honorário da Sociedade de Geografia de Lisboa na sala que o rei D.Carlos inaugurou nos entretantos da última grande bancarrota. Se ao menos aquelas velhas cadeiras contassem o que sabem, a história poderia ser outra.