Estas são as personalidades e os acontecimentos de 2019 ordenados pelos utilizadores e ouvintes da Renascença.

Jorge Jesus

“Veni, vidi, vinci”. Jorge Jesus chegou, viu, venceu e fez história no Flamengo, em apenas cinco meses de trabalho. O treinador português chegou ao Brasil em junho, alvo de muitas críticas de treinadores e jornalistas. Tinha oito pontos de atraso em relação ao primeiro, mas respondeu com resultados e exibições que levaram a títulos que o Flamengo não ganhava há muitos anos: Brasileirão, conquistado dez anos depois, com 16 pontos de avanço, e Taça Libertadores, “roubada” ao River Plate, título que fugia há 38 anos. Dois títulos num fim de semana histórico que levou cerca de dois milhões de adeptos às ruas do Rio de Janeiro. O Flamengo vai, ainda, em dezembro disputar o Mundial de Clubes. O futuro de JJ, entretanto galardoado como cidadão honorário, é que continua em aberto. O primeiro técnico português a fazer a dobradinha no Brasil tem contrato até maio, mas a possibilidade antecipar a saída está em cima da mesa.  O ano acabou em glória para a nação rubro negra, depois de ter começado em tragédia: um incêndio no centro de estágio do clube fez dez mortos.

João Félix

2019 foi uma corrida de 100 metros para João Félix. O craque da formação do Benfica chegou a ser aposta tímida de Rui Vitória, na equipa principal, mas Bruno Lage deu-lhe uma verdadeira oportunidade. Félix agarrou-a com ambas as mãos. No primeiro jogo do novo treinador, frente ao Rio Ave, mostrou ao que vinha, com um bis. A partir daí, até ao final do campeonato, foram 17 golos em 29 jogos, um deles no Estádio do Dragão. A preponderância foi tal que João Félix alcançou, em meros quatro meses, o estatuto de estrela maior do campeonato (em conjunto com Bruno Fernandes, do Sporting). Foi convocado para a Liga das Nações, que Portugal venceu e, no pico do verão, chegou o ponto alto da ainda curta carreira – sem negociações nem preâmbulos, o Atlético de Madrid pegou em 126 milhões de euros e bateu a cláusula de rescisão de João Félix (120 milhões mais seis milhões em juros). Em Espanha, conquistou logo a titularidade e mostrou que não era só em Portugal que fazia a diferença. Ainda antes de o ano acabar, a confirmação do estatuto de jogador de elite: atribuição do prémio Golden Boy, que distingue o melhor jogador sub-21 a atuar na Europa, e 28.º lugar na Bola de Ouro.

Jorge Fonseca

Jorge Fonseca sagrou-se, a 30 de agosto, campeão do mundo de judo na categoria de -100kg, ao vencer o russo Niyaz Ilyasov na final da competição, disputada em Tóquio, no Japão, no mesmo palco onde vão realizar-se os Jogos Olímpicos 2020. O atleta do Sporting, de 26 anos, fez história ao tornar-se no primeiro português a conquistar uma medalha de ouro em Mundiais da modalidade e está a preparar o ataque à medalha olímpica. Já perto do final do ano, Fonseca foi distinguido, juntamente com a mesa-tenista Fu Yu, com a medalha de excelência desportiva do Comité Olímpico de Portugal.

Bruno Lage

De desconhecido a campeão nacional em menos de um ano. Lage assumiu a equipa do Benfica em quebra de rendimento, no fim do período de Rui Vitória, recuperou de uma desvantagem de sete pontos e conquistou o 37º campeonato do clube. Apostou, em definitivo, em João Félix e fez o plantel acreditar que seria possível recuperar o título perdido para o FC Porto na temporada anterior. As águias perderam apenas dois pontos em 19 jogos disputados no campeonato.  A estadia na equipa principal era para ser provisória, mas Lage é agora a cara do projeto de aposta na formação, principal bandeira do clube encarnado. Além do trabalho dentro de campo, o treinador marcou o ano pelo discurso disruptivo adotado, que lhe conferiu uma dimensão maior na sociedade. Lage termina o ano com contrato renovado, com direito a retroativos.

Casillas

Casillas tinha conquistado o lugar em definitivo e preparava-se para a terceira época no Dragão. A renovação com o FC Porto até ao final da carreira já tinha sido anunciada, mas o coração do guarda-redes espanhol fraquejou. No dia 1 de maio, Casillas sofreu um enfarte agudo do miocárdio, durante um treino. O guardião, que recebeu muitas mensagens de solidariedade de várias personalidades do desporto, e não só, deixou o hospital cinco dias depois, bem recuperado. Com as dúvidas sobre a sobrevivência dissipadas, subsistia e subsiste, até hoje, a grande incógnita: será que Casillas volta a jogar? O internacional espanhol, de 37 anos, acalenta esperança de voltar a calçar as luvas e tem trabalhado nesse sentido. Porém, admite que, se representar um risco para a sua saúde, não regressará à alta competição. De qualquer forma, e apesar de ter contratado um novo guarda-redes, o argentino Agustín Marchesín, o FC Porto inscreveu Casillas na Liga. O presidente do clube, Pinto da Costa, mostra-se confiante de que o número 1 portista voltará a jogar.

Cristiano Ronaldo

Ronaldo surpreendeu o mundo do futebol quando, em junho de 2018, trocou o Real Madrid pela Juventus. Um ano depois, o português fez aquilo que nunca ninguém tinha alcançado e tornou-se o primeiro jogador a ser campeão em Itália, Espanha e Inglaterra. Ronaldo marcou 28 golos, numa época aquém das que realizou no Real Madrid, mas essencial para a Juventus conquistar o seu oitavo "scudetto" consecutivo. CR7 foi ainda decisivo na fase final da Liga das Nações, que conquistou em solo português, no Estádio do Dragão. O foco de Cristiano, apesar dos 34 anos, continua a estar nas conquistas coletivas e o português já definiu o objetivo de voltar a conquistar a Liga dos Campeões e ajudar a "Vecchia Signora" a quebrar um jejum de mais de duas décadas.

Bruno Fernandes

O médio com mais golos de sempre nas principais ligar europeias. O capitão do Sporting fez uma das melhores temporadas de que há memória em Portugal. Bruno Fernandes registou 32 golos e 18 assistências em 53 jogos pelo Sporting. Foi determinante nos títulos conquistados pelo clube e ainda venceu a Liga das Nações, por Portugal. Bruno tornou-se num dos jogadores mais desejados e falados do mercado de verão. Com cláusula de rescisão fixada nos 100 milhões de euros, Tottenham, Real Madrid, Mónaco, Manchester City e Manchester United foram alguns dos clubes que tentaram a sua contratação, sem sucesso. Bruno Fernandes já assumiu preferência pelo campeonato inglês e o salto para o estrangeiro deverá ser uma questão de tempo.

Simone Biles

João Vieira

João Vieira conquistou a medalha de prata nos 50 km marcha dos Campeonato do Mundo de Atletismo, que se disputaram em Doha. O atleta do Sporting fez uma prova de trás para a frente e conseguiu no Qatar o seu melhor resultado de sempre em Mundiais. Vieira completou o percurso em 4:04.59 horas, mesmo tendo a prova decorrido debaixo de muito calor (mais de 30 graus) e com grande humidade (acima de 70%). Aos 43 anos, o atleta luso é o mais velho medalhado de sempre em mundiais de atletismo e vai ainda marcar presença nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020.

Lionel Messi

O ano em que o argentino descolou de Cristiano Ronaldo. Lionel Messi venceu a sexta Bola de Ouro, após três anos sem conquistar o prémio individual mais importante do futebol mundial, e distanciou-se do português, que tem cinco troféus. A temporada no Barcelona não foi inesquecível, com a eliminação nas meias-finais da Liga dos Campeões frente ao Liverpool, mas Messi foi peça fundamental para a conquista de mais um campeonato espanhol - o seu décimo -, com 51 golos em 50 jogos. São já dez temporadas consecutivas a marcar mais de 40 golos.

Portugal conquista Taça das Nações

Portugal venceu a primeira edição da Liga das Nações, nova prova de seleções da UEFA, depois de derrotar a Holanda, no Estádio do Dragão. A equipa das quinas ganhou o jogo decisivo por 1-0, com golo de Gonçalo Guedes. Foi o segundo prémio coletivo da seleção nacional depois do Euro 2016, conquistado em França. Logo nas meias-finais, os comandados de Fernando Santos tinham derrotado a Suíça, por 3-1, aí com Cristiano Ronaldo em destaque ao fazer dois golos. Bernardo Silva foi eleito o melhor jogador do torneio. No ano que agora termina, Portugal conseguiu também a qualificação para o Euro 2020, mantendo a tradição de não falhar grandes eventos futebolísticos neste século. A seleção ficou em segundo lugar no grupo, atrás da Ucrânia, após três tropeços (dois empates e uma derrota) na qualificação. O passaporte foi carimbado no Luxemburgo, com uma vitória por 2-0.

Portugal campeão do mundo de futebol de praia

Benfica campeão

O ano civil do Benfica começou com o despedimento de Rui Vitória. O técnico, que chegou a ser campeão de águia ao peito, não resistiu aos maus resultados e à pressão dos adeptos e saiu a 3 de janeiro, com os encarnados a sete pontos da frente. O presidente Luís Filipe Vieira ainda sonhou com José Mourinho, mas acabou por fazer subir Bruno Lage, da equipa B. O interino estreou-se a vencer o Rio Ave, em casa, por 4-2, passou a definitivo e teve um registo impressionante na I Liga: 18 vitórias e um empate (2-2 contra o Belenenses SAD na Luz). A série de triunfos levou a equipa de Bruno Lage a recuperar o atraso no campeonato e a conquistar o “37”. Em agosto, o Benfica conquistou a Supertaça de forma categórica, ao vencer começou com uma conquista categórica ao bater o rival Sporting, por 5-0. A equipa chega ao Natal na frente do campeonato. Já eliminados da Liga dos Campeões, os encarnados conseguiram o apuramento para a Liga Europa.

Liverpool vence a Liga dos Campeões e o domínio do futebol inglês

Depois de vários anos na sombra dos campeonatos espanhol e alemão, o futebol inglês voltou ao topo da hierarquia. O Liverpool conquistou a sua sexta Liga dos Campeões, depois de perder a final na temporada anterior e a Liga Europa em 2016. Em Madrid, os “reds” coroaram o percurso de cinco anos com Jurgen Klopp no comando técnico com o seu primeiro troféu. Salah, Firmino e Sadio Mané tornaram-se o trio ofensivo mais temido do mundo e lançam o Liverpool na rota da conquista da sua primeira Premier League desde 1990. Para além do domínio na principal prova de clubes europeus, a final da Liga Europa foi também disputada entre dois clubes ingleses, o Chelsea e Arsenal, com os “blues” a levar a melhor, em Baku, Azerbaijão, por 4-1. As duas finais disputadas exclusivamente por clubes do mesmo país é um feito inédito e perspetiva uma nova hegemonia inglesa, reminiscente dos tempos de Cristiano Ronaldo no Manchester United.

Ano de crise e conquistas do Sporting

Uma crise que parece não ter fim. O ataque em Alcochete a 15 de maio de 2018 deixou marcas profundas e o julgamento em tribunal está apenas a começar. Apesar do impacto financeiro e social que o incidente deixou no clube, o Sporting conseguiu conquistar vários troféus em 2019. No futebol, conquistou a Taça de Portugal e a Taça da Liga, ambas frente ao FC Porto, nos penáltis. Frederico Varandas, eleito presidente após a destituição de Bruno de Carvalho, é tudo menos um nome consensual. A contestação ao antigo chefe do departamento médico deu origem a rutura total entre clube e claques, após uma tentativa de agressão ao presidente. Nas outras modalidades, o Sporting teve um ano de grandes conquistas. Foi campeão europeu de futsal, pela primeira vez.  No hóquei em patins, vitória na Liga Europeia, numa final disputada em casa, no Pavilhão João Rocha, frente ao rival FC Porto.

EUA campeão mundial de futebol feminino

O futebol feminino viveu um dos melhores anos da sua ainda curta história. O Mundial, realizado em França, bateu recordes de audiência, deu ainda maior visibilidade à modalidade e mostrou que, apesar de ainda haver muita margem de evolução, o futebol feminino já não é o parente pobre do futebol masculino. A vitória dos Estados Unidos, com a controversa Megan Rapinoe à cabeça, trouxe o “equal pay”, entre outros temas sociais, para a mesa de discussões do futebol em geral. Por agora, ninguém chega aos calcanhares dos EUA.

Emiliano Sala

A 22 de janeiro de 2019, o mundo ficou em choque quando se soube que o avião em que Emiliano Sala seguia tinha desaparecido algures sobre o Canal da Mancha, na noite anterior. O avançado argentino, de 28 anos, tinha acabado de ser transferido do Nantes para o Cardiff, por 17 milhões de euros, e tinha ido a França despedir-se dos ex-companheiros. No regresso ao País de Gales, o avião privado que o transportava, um monomotor Piper PA-46-310P Malibu, caiu ao mar. A mensagem, à medida que os dias passavam, era cada vez mais clara: a possibilidade de sobrevivência de Sala e do piloto, David Ibbotson, era “extremamente remota”. A 24 de janeiro, a polícia de Guernsey colocou um ponto final nas buscas, que, após muitos apelos de várias personalidades do mundo do futebol – entre elas Diego Maradona e Lionel Messi – foram retomadas por uma empresa especializada, a Blue Water Recoveries, contratada pela família do jogador, em estreita colaboração com o Gabinete de Inquérito a Acidentes Aéreos britânico. A 3 de fevereiro, foram encontrados destroços do avião no Canal da Mancha. No dia seguinte, foi encontrado um corpo no interior do aparelho. A 7 de fevereiro, mais de duas semanas após o acidente, o corpo de Emiliano Sala foi identificado. Quem tem ficado mal na fotografia, após a morte de Sala, são os dois clubes envolvidos. O Nantes quer receber os 17 milhões acordados pela transferência, enquanto o Cardiff se recusa a pagar um tostão. A FIFA obrigou os galeses a pagar seis milhões de euros, correspondentes ao valor da primeira tranche da transferência, contudo, o Cardiff continua a bater o pé e já avançou com recurso para o Tribunal Arbitral do Desporto.