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André e Ricardo criaram a sua própria austeridade antes de a "troika" chegar.

André, 40 anos, abriu uma editora em 2010 (a Pato Lógico) e passou a medir os anos em livros. Ricardo, 37 anos, deixou o emprego no marketing para ser "freelancer". Os dois trabalham agora num livro para crianças e adultos sobre o futuro.

O livro reúne palavras e conceitos que eles acreditam que vão continuar a fazer parte das nossas vidas por muito tempo, muito para além de 2024. Desde os já conhecidos "políticos" às velhas "tartarugas", passando pelos "pêlos" do corpo humano, pelo mobiliário ("cadeira de convés") e até por um novo conceito chamado "vujà-dé".

É possível que algumas destas palavras tenham suscitado no leitor a sensação de "vujà-dé": trata-se daquela sensação estranha de que nunca tinha visto nada assim.

Outras palavras já não terão suscitado tanta surpresa: "políticos", por exemplo, uma profissão difícil, sobretudo nos tempos que correm. Tanto o Ricardo como o André sentem-se desiludidos com os actuais políticos, mas defendem que todos devem participar na política, não deixando os problemas do país apenas para uma classe resolver.

Ricardo analisou os slogans utilizados pelos partidos nas últimas eleições autárquicas (em Setembro de 2013), e concluiu que a palavra "futuro" é das palavras mais usadas e, por isso, mais gasta pela classe: "Aqui há futuro", "A nossa terra tem futuro", "Confiança no futuro", "Unidos vamos construir um futuro melhor" foram algumas das frases recolhidas.

A lição das "tartarugas" e a persistência dos "pêlos"

"A tartaruga é um dos animais que vive mais tempo, apesar das ameaças que vai tendo", explica André. Se é certo que não podemos prever os tempos que aí vêm, podemos, pelo menos, aprender com as tartarugas. São um símbolo de "esperança" e, ao mesmo tempo, de "longevidade". Devagar, devagarinho, lá vão fazendo o seu caminho, ultrapassando todas as voltas e reviravoltas da história.

Outra das palavras que vai continuar a fazer parte da nossa vida é a palavra "pêlos". "O futuro tem muitos pêlos", brinca Ricardo. E se o assunto parece pouco sério, os números que apresenta dão que pensar: "ao longo da sua vida, uma mulher irá passar uma média de 294 dias a tratar do cabelo, 70 dias a depilar as pernas e 30 dias a acertar as sobrancelhas. No caso dos homens, irão passar 38 dias a fazer a barba e 377 dias a tomar banho".

Na situação em que estão, André e Ricardo não conseguem imaginar-se daqui a dez anos. Actualmente, o mercado livreiro dá poucas garantias, mas ambos gostavam de poder continuar a escrever e a publicar.

O futuro é um livro de cada vez.

Para os mais atentos, faltou explicar o significado da entrada "cadeira de convés" no livro do futuro.
A entrada é inspirada numa tira da famosa banda desenhada de Charlie Brown. Nela explica-se que existem dois tipos de pessoas: as que, quando vão no convés de um navio, colocam a cadeira virada para trás, como quem olha o passado, e as que a posicionam virada para a frente, a olhar o futuro. Alguém pergunta a Charlie Brown que tipo de pessoa é. Ele responde que nunca conseguiu abrir uma cadeira de convés.

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