Frequência das variantes do SARS-CoV-2 por país
Fontes: GISAID, Estudo da diversidade genética do novo coronavírus SARS-CoV-2 em Portugal - coordenado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), Rádio Renascença
Nota: Foram consideradas as variantes de preocupação e interesse, de acordo com a classificação da Organização Mundial da Saúde. Dado que se desconhece a estratégia de amostragem de cada país, os gráficos apresentados poderão não refletir totalmente a frequência real das variantes, bem como as sua distribuição ao longo do tempo. No caso de Portugal, os dados apresentados refletem fielmente estes parâmetros a partir da semana 22 (i.e., desde 31 de maio).
A disparidade na distribuição e administração das vacinas contra a Covid-19 representa o maior risco para o controlo da pandemia e em causa está o perigo de emergência de novas variantes.
As novas estirpes do SARS-CoV-2 são o reflexo da teoria da evolução de Darwin e é, também, por isso que as mais transmissíveis e resistentes tendem a predominar. Quanto mais frequente é a transmissão, mais vezes o vírus se replica e maior é o número de mutações que gera, aumentando assim a probabilidade de emergência de uma variante mais perigosa e resistente aos fármacos aprovados pela Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla inglesa).
Num esforço para controlar a pandemia e prevenir um risco acrescido para a saúde pública, a Organização Mundial de Saúde (OMS) apelou às autoridades nacionais que reforcem a monitorização das variantes em circulação e reportem qualquer alteração com previsível impacto nocivo. Até ao momento, foram identificadas pela OMS quatro “variantes de preocupação” (VOC, na sigla em inglês) e sete “variantes de interesse” (VOI, na sigla em inglês).
Quantas são? Onde estão? E que variantes da Covid-19 circulam em Portugal?
Variantes de preocupação
Uma variante é considerada de preocupação quando se verifica pelo menos uma das seguintes condições:
- Maior transmissibilidade do vírus
- Aumento da virulência ou alteração clínica da doença
- Diminuição da eficácia das medidas sociais e de saúde pública, dos diagnósticos, das vacinas e de outros tratamentos disponíveis
Atualmente, existem cinco variantes com esta classificação. Todas já identificadas em Portugal.
Transmissibilidade das variantes de preocupação do SARS-CoV-2
O R0, o número básico de reprodução, corresponde ao número médio de casos secundários gerados a partir de um único confirmado. Este indicador da transmissibilidade do vírus é calculado numa fase inicial da epidemia, sem o efeito das medidas de contenção implementadas.
Fonte: Annals of Translational Medicine, INSA, ECDC, Rádio Renascença
As estimativas do parâmetro de transmissibilidade referente ao R0, isto é, número básico de reprodução, estão sujeitas a atualizações que refletem a natureza do método científico.
Variante | Local e data da primeira amostra identificada | Impacto na gravidade da doença que provoca | Frequência relativa em Portugal (%) |
---|---|---|---|
Alpha | Reino Unido, Setembro 2020 | Aumento do risco de hospitalização Possível aumento do risco de gravidade e mortalidade |
0% |
Beta | África do Sul, Maio 2020 | Possível aumento do risco de hospitalização e morte | 0% |
Gama | Brasil, Novembro 2020 | Possível aumento do risco de hospitalização | 0% |
Delta | Índia, Outubro 2020 | Possível aumento do risco de hospitalização | 100% |
Ómicron | África do Sul e Botswana, Novembro 2021 | Possível aumento do risco de hospitalização | 0% |
Tabela atualizada a 06 de dezembro de 2021
Fontes: OMS, ECDC, INSA
Eficácia das vacinas contra as variantes de preocupação do SARS-CoV-2
Apesar de algumas das vacinas administradas no espaço europeu apresentarem uma clara redução na eficácia da prevenção da infeção por certas variantes do SARS-CoV-2, todas elas demonstraram, até ao momento, uma forte eficácia contra a hospitalização e morte por qualquer vírus associado à Covid-19.
Fontes: OMS, NEJM, NEJM, NEJM, The Lancet, The Lancet, Nature, Rádio Renascença
O impacto das novas variantes na eficácia das vacinas contra a Covid-19 administradas na UE está sujeito a atualizações que refletem a natureza do método científico. Última atualização: 20 de julho de 2021
Variantes de interesse
Uma variante é considerada de interesse quando:
- apresenta alterações genéticas que se prevê que possam afetar as características do vírus, como transmissibilidade, gravidade da doença, resposta imunológica ou eficácia das medidas sociais e de saúde pública, dos diagnósticos, das vacinas e de outros tratamentos disponíveis
- foi identificada como causadora de transmissão comunitária e detectada em vários países.
Até ao momento, a OMS atribuiu a classificação de VOI a oito variantes. Seis abandonaram, entretanto, a lista [Epsilon, Eta, Iota, Kappa, Theta, Zeta]. As duas que permanecem foram já detectadas em Portugal.
Variante | Local e data da primeira amostra identificada | Número de casos identificados em Portugal | Número de concelhos onde foi detectada |
---|---|---|---|
Lambda | Perú Dezembro 2020 |
2 | 2 |
Mu | Colômbia Janeiro 2021 |
25 | 17 |
Tabela atualizada a 06 de dezembro de 2021
Fonte: INSA
Frequência das variante de preocupação em Portugal por regiãos
Fonte: INSA
O impacto das novas variantes na imunidade de grupo
As novas variantes do SARS-CoV-2 alteraram a meta estabelecida da imunidade de grupo e 70% de portugueses imunizados já não são suficientes para interromper totalmente a circulação do vírus em Portugal. O célebre marco esticou e está agora perto dos 85%, como confirmou em entrevista à Renascença o epidemiologista Manuel Carmo Gomes.
De acordo com o especialista, membro da Comissão Técnica de Vacinação da DGS, as variantes Alpha e Delta, com origem no Reino Unido e na Índia, respetivamente, são as responsáveis pela “subida do valor percentual da população que tem de ser vacinada para atingirmos a imunidade de grupo”.
Como a vacina não é 100% eficaz, para atingirmos 85% de pessoas totalmente protegidas, teremos que vacinar, pelo menos, 90% da população. É, também, por este motivo que se coloca agora a questão da vacinação abaixo dos 18 anos.
Como é que as novas variantes alteraram a meta da imunidade de grupo?