Cartuxa, os dias do fim
 

Cartuxa, os dias do fim Cartuxa, os dias do fim Cartuxa, os dias do fim

Com a partida dos monges do silêncio, que se juntam agora à comunidade de Barcelona, desaparecem as ordens de clausura estrita em Portugal. A escassez de vocações na Europa e a idade dos quatro religiosos ditou um desfecho que já tinha sido adiado em 2011. Aos 85 anos, o ainda prior do mosteiro de Évora, o padre Antão Lopez, assume a tristeza que a decisão lhes trouxe. “É duro. Os mais velhos perderam o apetite.”

Ana Catarina André e Ricardo Fortunato
 
 

O céu “estava riscado a cores e o sol escondia-se no horizonte”. Era dia da Festa da Exaltação da Santa Cruz, quando os sete monges cartuxos regressaram ao Mosteiro de Santa Maria Scala Coeli, em Évora, a 13 de Setembro de 1960. A recebê-los à porta do edifício, segundo relatou o jornal A Defesa, estavam os condes de Villalva, Vasco Maria e a mulher, Maria Teresa, mecenas da restauração da Ordem Cartusiana em Portugal. Conta-se que à chegada dos três padres e dos quatro irmãos pairou sobre eles, por instantes, um arco-íris quase vertical. Um sinal celeste de boas-vindas, segundo alguns. Na véspera tinham estado reunidos em Fátima, onde receberam a benção do arcebispo D. Manuel Trindade Salgueiro. Pelo caminho pararam e rezaram por Portugal.

Durante quase 60 anos, permaneceram ali numa vida de silêncio e oração, aparentemente afastada do mundo. Chegaram a ser 22, em 1977, mas com a diminuição de vocações por toda a Europa, a comunidade foi mingando cada vez mais. Em 2019, os quatros monges que restam (o padre Antão Lopez, espanhol de 85 anos, o padre Isidoro, espanhol de 92, o irmão José, espanhol, de 91, e o irmão António, o único português, de 82) receberam a indicação do Capítulo Geral da Ordem – onde a cada dois anos se reúnem os priores das várias cartuxas – de que teriam de mudar-se para a Cartuxa de Montalegre, a cerca de 20 quilómetros de Barcelona. Com esta decisão, desaparecem também as ordens masculinas de clausura em Portugal.

 
 

“Ainda somos capazes de nos movimentar e de cantar todas as noites, mas antes que algum de nós fique numa cama, preferem passar-nos para outra cartuxa”

 
 

“Não havia outra solução”, considera o padre Antão, superior de Scala Coeli (escada para o céu em latim), em entrevista à Renascença realizada na parte de fora dos muros do mosteiro – lá dentro as mulheres não entram. “Roma pediu à Igreja que una as comunidades pequenas e por isso vamos reforçar uma cartuxa de oito monges em Barcelona”, explicou. A idade dos quatro religiosos (o mais novo tem 82 anos) também influenciou a decisão. “Ainda somos capazes de nos movimentar e de cantar todas as noites, mas antes que algum de nós fique numa cama, preferem passar-nos para outra cartuxa.”

Há oito anos, em 2011, conseguiram adiar o encerramento. “Queriam que nos juntássemos à Cartuxa de Burgos, mas pedimos que nos deixassem aqui”. Nessa altura, defenderam que, ainda que poucos e idosos, mantinham integralmente o estilo de vida cartusiana. “Continuamos a cantar durante a noite e a sair da cela com 10 graus de temperatura”, assegura o prior de Scala Coeli, que viveu 58 anos em Évora. E lamenta: “Agora já não há volta a dar. Vamos mesmo embora”.

A partida dos monges é vista com tristeza pelo arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho. “Contávamos há 60 anos com esta retaguarda de silêncio e oração. Por ali passava o mundo todo: problemas familiares, situações de desemprego. Era um silêncio que não se impunha, mas que se propunha, um silêncio fecundo”, diz. “Os cartuxos sabem que estamos muito tristes com a sua partida, mas foi uma decisão que não dependeu da arquidiocese”, prossegue D. Francisco que, após alguns esforços para manter ali uma ordem religiosa de clausura, anunciou que o mosteiro passará a ser a casa das monjas do Instituto das Servidoras do Senhor e da Virgem de Matará.

 
 

Oração, trabalho e descanso

 
 

A radicalidade da vida em clausura – os monges só saem do mosteiro para ir ao médico ou para votar – talvez explique o número diminuto de vocações. O dia-a-dia de um cartuxo divide-se entre oito horas de oração, oito de trabalho e oito de descanso. Os monges acordam pouco antes da meia-noite para as matinas. “Cantamos as antífonas [versículos que precedem o salmo] em latim e os salmos em português. Estamos ali cerca de duas horas e meia, dependendo da importância da festa”, diz o padre Antão. E acrescenta: “Como saímos e voltamos para a cama, estamos totalmente concentrados na oração. É o momento mais típico da nossa ordem”.

Voltam a dormir mais três horas e meia e às seis despertam de novo para um tempo de oração mais pessoal. “Cantamos a missa entre as oito e meia e as nove da manhã e a partir daí consideramos tempo de trabalho.” Os padres concentram-se na direção espiritual dos outros membros da comunidade e na preparação de conferências, textos e leituras e os irmãos, professos cartuxos que não são ordenados sacerdotes, dedicam-se a tarefas manuais, seja na carpintaria, na cozinha ou no jardim. “Cada um faz o que sabe conforme a sua preparação”, diz o padre Antão com um sotaque e uma maneira de falar que define como “portunhol”. Durante esse tempo aparentemente mais prático, o sino toca várias vezes para que, na solidão da cela, cada monge volte a rezar.

Cantam vésperas entre as quatro e meia e as cinco e meia e voltam à cela para mais um tempo de oração, antes de se deitarem por volta das oito e meia da noite. “É uma ocupação muito restringida e dedicada às coisas de Deus, baseada em leituras, momentos em que falamos com Deus e em que recitamos a liturgia.” E sublinha: “É uma oração muito satisfatória. Temos de Deus uma ideia grande e com Deus um amor tal que isso basta e não precisamos de mais nada”.

 
 

“Chorei na cela quando soube que a minha mãe morreu, mas foi um episódio. Não me sinto sozinho porque sei de forma segura que Deus me ouve.”

 
 

“A solidão é contínua todo o dia”, sublinha o prior de Scala Coeli. No claustro, nas celas e um pouco por todo o mosteiro ouve-se apenas os passarinhos e a água a correr no repuxo, no jardim. A voz humana é rara. “Lá fora liga-se muito solidão e silêncio, mas para nós são coisas distintas. A solidão é um meio para chegar a Deus e isso implica silêncio. A solidão é negativa quando é solidão consigo mesmo e é positiva quando é solidão com Deus.” Talvez por ser andaluz, Antão nunca passou por uma crise. “Chorei na cela quando soube que a minha mãe morreu, mas foi um episódio. Não me sinto sozinho porque sei de forma segura que Deus me ouve.”

Austeros e frugais, os monges comem apenas uma vez por dia – sozinhos na cela. Não ingerem carne e passam as sextas-feiras a pão e água. Conversam uns com os outros duas vezes por semana. Ao domingo e nos dias festivos, juntam-se para trocar impressões sobre as leituras que fizeram, os trabalhos da casa e as notícias. Depois, a meio da semana, voltam a ter um tempo de diálogo, dessa vez dois a dois. “É um momento mais pessoal em que podemos partilhar impressões interiores.”

À cartuxa não chegam as imagens e os sons da televisão e da rádio. É o carteiro que lhes leva os jornais impressos. “Informamo-nos por escrito, porque podemos escolher o momento e o tema. Eu, como superior, leio os jornais e depois faço passar pelas celas as páginas mais interessantes para que cada um possa ler, depois de comer”, diz, contando que aprendeu a utilizar programas de edição de vídeo para fazer pequenos vídeos sobre a vida monástica. De vez em quando, vêem filmes e documentários sobre temas religiosos. Em 2009, os monges assistiram a“O Grande Silêncio”, o filme de Philip Gröning sobre a Grande Cartuxa, em Grenoble. “Conheço aquela cartuxa. Estive lá sete vezes em reuniões de superiores. Depois, veio cá a Évora o produtor e quando entrou no claustro disse-me: ‘Que pena não ter feito o filme aqui’. Ficou surpreendido com a luz.”

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A comunidade de Évora na década de 1970
 
 

Uma história quase milenar

 
 

A Ordem Cartusiana é uma das mais antigas do mundo. Foi fundada no século XI por São Bruno, que se retirou com um grupo de eremitas para o maciço de Chartreuse, nos Alpes, para uma vida de silêncio e oração. Expandiu-se pela Europa e chegou a Portugal em 1587. Como nessa altura o edifício de Évora ainda não estava concluído, os primeiros monges viveram temporariamente no Palácio Real de São Francisco, na mesma cidade.

Mudaram-se a 8 de Dezembro de 1598, dia dedicado à Virgem Maria e, é por isso que o mosteiro, mandado construir por D. Teotónio de Bragança, ficou conhecido como Santa Maria de Scala Coeli, um termo que resulta também da derivação do nome do mosteiro espanhol de onde vieram os fundadores (Scala Dei). Tem o maior claustro do país, com 96 metros de largura, e uma igreja com uma fachada em mármore que, mais tarde, no século XVII, seria enriquecida com talha dourada, por ordem de D. João V.

A história da cartuxa em Portugal vive também dos acontecimentos políticos e sociais que o país atravessou. Em 1834, com o decreto que ordenou a expulsão das ordens religiosas, os cartuxos foram obrigados a sair de Évora, juntamente com outros da Cartuxa do Vale da Misericórdia, em Laveiras, Caxias - nessa altura havia dois mosteiros da ordem no território nacional. O de Évora ficou nas mãos no Estado e foi transformado em Escola de Agricultura – num tempo marcado pelo anticlericalismo, a igreja chegou mesmo a ser usada como celeiro.

No fim do século XIX, a família Eugénio de Almeida comprou as ruínas que restavam. Mais tarde, em meados do século XX, o herdeiro Vasco Maria, conde de Villalva, decidiu restaurar o mosteiro e devolvê-lo à Ordem Cartusiana. Em 1960, Scala Coeli ganhou vida novamente com o regresso de sete monges a Portugal. O mesmo número de cartuxos que o tinha fundado no século XVI.

 
 

“Os jovens de 20 ou 30 anos têm uma vida tão movimentada e distraída que não estão preparados para o que encontram aqui”

 
 

O Padre Antão chegou pouco depois da reabertura do mosteiro. “Vi a cidade crescer, mas isso nunca incomodou a nossa vida, porque aqui não se ouve nada”, conta. “Providencialmente cantei a minha primeira missa na cartuxa de Miraflores, em Espanha, no dia 7 de Setembro de 1961, festa da Natividade de Nossa Senhora, e cheguei a Évora na tarde de 7 de setembro de 1964. Foi talvez um sinal divino”, diz o sacerdote que assistiu ao florescimento da Cartuxa no Alentejo e agora se depara com o fim. Dos seus 85 anos de vida, 50 foram passados em Portugal. “Gostava de ser enterrado aqui”.

 
 

Antão, que antes de tomar o hábito se chamava Eduardo e adotou um novo nome em homenagem ao célebre eremita do século III, nasceu em Cádiz, em 1934. Estudou filosofia e aos 20 anos sentiu o apelo da vida religiosa, depois de ter ouvido um professor catedrático falar da vida do filho que se tornara cartuxo. “Atraiu-me a vontade de me dedicar a Deus a 100%, sabendo que uns se dedicam a Deus e outros aos homens. Mais do que ir em missão para África ou para o Alasca, queria passar o dia com Deus.” Em 1954, entrou na Cartuxa de Miraflores, em Burgos. Sete anos depois, tornava-se mestre de noviços, em Évora.

Nos primeiros tempos entravam três candidatos por ano, um número que foi diminuindo progressivamente. “Hoje em dia, a perseverança é pouca por falta de preparação. A sociedade tem muitos atrativos. Os jovens de 20 ou 30 anos têm uma vida tão movimentada e distraída que não estão preparados para o que encontram aqui”, considera o padre Antão, prior da casa desde 1989. E explica: “Jesus pede-nos a radicalidade de sermos só para ele o que, de facto, é muito exigente. Nunca saímos para visitar a família. São os nossos irmãos, sobrinhos e amigos que vêm ao mosteiro duas vezes por ano”.

A vocação não é só um dom recebido pelo monge, diz. É também dada à família. “Estava há um ano na cartuxa, quando os meus pais e o meu irmão me vieram visitar. Na viagem, a minha mãe questionou: ‘E se chegarmos lá e ele disser que vem connosco?’. O meu irmão respondeu-lhe: ‘Levas o maior desgosto da tua vida’. Seria mesmo verdade. Eles acabaram por aceitar, vivendo este sacrifício sem demasiado pseudoproblema.”

Não é o estilo de vida simples que tem afastado os noviços. “Ninguém vai embora por passar fome ou frio”, sublinha o religioso que na década de 1970 esteve cinco anos em França, para confessar em espanhol. “Quando chegamos à cartuxa é normal termos vontade de conversar, mas, com o tempo, quanto mais se fica em silêncio, mais se gosta. Perdemos o hábito de falar. Não pense que passamos a vida a lamentar-nos. Costumo dizer que quem vai embora, vai por causa da solidão e quem fica, fica por causa da solidão.”

Apesar de na Europa as cartuxas terem comunidades cada vez mais pequenas, noutras partes do planeta, a tendência é inversa. “Na Argentina, estão a construir mais cinco celas, porque há jovens à espera para entrar. O mesmo acontece nos Estados Unidos e na Coreia do Sul. Lá sobram vocações.” Ao todo existem cerca de 300 cartuxos no mundo, metade dos quais de nacionalidade espanhola. Desses “há três portugueses professos em Espanha, um em Inglaterra, um em Itália. Estão mais dois enterrados em Scala Coeli e outro na Cartuxa do Brasil. Há mais dois em formação em Espanha.”

 
Cartuxa, os dias do fim
Distribuição das cartuxas pelo mundo. A Europa concentra o maior número de cartuxas: são 14, incluindo ainda a de Évora. Há ainda uma na Ásia, outra na América do Norte e duas na América do Sul.
 

“Em Évora, até os comunistas nos querem”

 
 

Tal como acontecera anteriormente, desde que se instalaram em Portugal, os monges foram acompanhando a história do país e da igreja. Entre 1962 e 1965, seguiram com atenção o desenrolar do Concílio Vaticano II. “Adaptámos os nossos estatutos. Os irmãos não sacerdotes foram muito igualados aos padres. Receberam direito a eleger, o que na Idade Média não acontecia porque eram analfabetos”, afirma o padre Antão, explicando que no campo da liturgia mantiveram o rito próprio dos cartuxos. Passaram, no entanto, a fazer algumas leituras em português – até então imperava o latim.

Ao longo do século XX, a Cartuxa recebeu não só os arcebispos de Évora, que “de vez em quando passavam a tarde no claustro a rezar e depois cantavam vésperas”, mas também os condes de Villalva, e outras figuras de Estado português, como os antigos presidentes da República Américo Thomás e Jorge Sampaio. “O conde de Barcelona [pai do rei Dom Carlos, de Espanha] também vinha com frequência.”

Mais tarde, no 25 de Abril, assistiram à ocupação de terras no Alentejo, inclusive as dos condes de Villalva, que sempre os apoiaram e que nos primeiros anos chegaram a viver num edifício anexo junto ao mosteiro. Aos cartuxos, porém, ninguém fez mal. “Fomos tratados com todo o respeito. Em Évora até os comunistas nos querem.”

Nas primeiras décadas, eram os monges que cuidavam de grande parte da quinta de 80 hectares. “Éramos jovens e mais de 20. Cuidavamos da agricultura - até os padres ajudavam um pouco. Tivemos, inclusive, um veterinário que criou a melhor vacaria de raça charolesa da Península Ibérica.” Em 1985, a liderança da cartuxa de Évora foi entregue pelos espanhóis fundadores aos novos portugueses, o que pôs em risco a sustentabilidade económica do espaço.

“Não tinham culpa, mas eram jovens e foram enganados por malandros”, diz, referindo-se a investimentos desadequados em sistemas de rega, por exemplo, e a empréstimos feitos ao banco. A falência parecia uma evidência, mas a condessa de Villalva resolveu o problema com um cheque. “Então, a fundação [Eugénio de Almeida] tomou conta da quinta e a comunidade do mosteiro. Tudo saiu bem.”

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As saídas para lá dos muros de Scala Coeli sempre foram raras. Em 2008, porém, estiveram no Alqueva.
 
 

O mundo visto do mosteiro

 
 

Da cartuxa, o mundo não é um lugar distante. “Não é preciso ir a um bordel, a uma casa de prostituição para saber como essas mulheres sofrem. Não é preciso estar numa guerra para rezar. A nossa compreensão do mundo é maior ou melhor do que se pensa”, refere o sacerdote, explicando que os monges lêem os acontecimentos à luz do Evangelho.

E recorda uma história: “Durante a II Guerra Mundial, Espanha assumiu uma posição neutra, mas os militares queriam entrar no conflito. Uma vez, o general Franco visitou a Cartuxa de Burgos com outros militares. O prior da casa acompanhou Franco e os outros seguiram com um monge velhinho. Disseram-lhe então: ‘Padre, não acha que ele vai ganhar a guerra?’. E ele, ali fechado, sem televisão, nem nada, respondeu-lhes: ‘Um homem como este não merece ganhar a guerra’. Isto é conhecer o mundo”.

Por estar à frente de Scala Coeli há 30 anos, e por ser a ponte de contacto com o exterior, o padre Antão diz ser “meio cartuxo”. “Dediquei meia vida à direcção espiritual e outra meia à direção material da casa. Já estou cansado e necessitado de morrer e descansar ou descansar e morrer”, assume. Por ser o elo de ligação ao exterior ao longo de tantos anos conseguiu aperceber-se do impacto da cartuxa na cidade. “Tocamos o sino à meia-noite e, dependendo do vento, sabemos que há muitas pessoas que ouvem e rezam uma Avé-Maria, porque os monges vão cantar.” Desde que chegaram a Évora, os pedidos de oração são contínuos. “Recebemos pedidos de intercessão e agradecimento. Temos fé e confiança de que, sacrificando-nos e rezando, convertemos as pessoas e há um eco lá fora que confirma isso.”

Em Maio, quando souberam que teriam mesmo de se mudar para Barcelona, não esconderam a tristeza. “A partida é dura. Os monges de 90 anos perderam o apetite. Com esta idade, passar por uma porta e não ter de acender a luz, porque se sabe o caminho, ajuda a viver”, admite o padre Antão. Mas isso não é o mais díficil, assume. “Lamentamos a mudança de ambiente, mas estamos sobretudo tristes por ter de desaparecer daqui.” No fim do mês, quando os quatro monges partirem de carro para Barcelona, “com alguns livros”, o único espólio que fazem questão de conservar, transportarão consigo quase 60 anos de uma presença silenciosa, mas fecunda em solo português. “Levo muitas memórias no coração, mas muitas fotos numa ‘pendrive’.”

 

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Outubro de 2019 – © Renascença

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